E tenho dito...

Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro...
- Jeremias 29.11

terça-feira, agosto 16

Mario, O Cara Que Gostava das Coisas

 Uma palavrinha sobre o verdadeiro mito...
"Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder minhas coisas." 
- Mario Quintana sobre o pequeno quarto que Paulo Roberto Falcão lhe cedeu em seu Hotel Royal.



Tive várias introduções à Mario Quintana durante toda minha vida, mas foi com o poema De Gramática e de Linguagem que realmente me encantei por sua alma derramada em cada palavra.
E havia uma gramática que dizia assim:
"Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou coisa: João, sabiá, caneta".
Eu gosto das coisas. As coisas sim!...
As pessoas atrapalham. Estão em toda
 parte. Multiplicam-se em excesso.

As coisas são quietas. Bastam-se. Não se
metem com ninguém.
Uma pedra. Um armário. Um ovo, nem sempre,
O ovo pode estar choco: é inquietante...
As coisas vivem metidas com as suas coisas.
E não exigem nada.
Apenas que não as tirem do lugar onde estão.
E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.
Para quê? Não importa: João vem!
E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão,
Amigo ou adverso... João só será definitivo
Quando esticar a canela. Morre, João...
Mas o bom mesmo, são os adjetivos,
Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.
Ainda mais:
Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorra
Como a polpa de um fruto madura em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso
sentido:
Basta provares o seu gosto...

Não é necessário ler alguma biografia para conhecer a essência de Mario. Um tanto solitário, irônico e apaixonado. Essas três qualidades, tão peculiares para se estarem juntas, o definem para mim. E viveu a maior parte de sua vida em hotéis, inclusive o último, o antigo Hotel Majestic hoje é a Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, onde seu quarto foi recriado.
Seus grandes feitos foram seus poemas. E mesmos sem ter feito parte da Academia Brasileira De Letras será sempre o primeiro nome a vir à minha boca quando pensar em poesia.



Fonte: Wikipédia

sábado, julho 9

Uma Paixão Chamada Homens do Texas

No primeiro post do Virei Leitor alertei sobre a possibilidade de falar mais e mais de Diana Palmer - lacradora - e seus romances adoráveis. Então, eis me aqui.

Meu primeiro contato com Diana Palmer foi através do livro O Senhor da Paixão - Man In Control no original. O titulo é meio bosta um tanto bobo, mas, como sempre irei afirmar, a história é linda. Este é mais um dos inúmeros livros que iniciei com certo ceticismo. Uma forte característica minha - e uma grande idiotice também - é decidir que não gosto de uma coisa logo de cara e mudar de ideia algum tempo depois por conhecer melhor e saber do que se trata. Foi assim com Arctic Monkeys e foi assim com O Senhor da Paixão.

Em minha defesa alego que as traduções dos títulos - nem sempre literais - não ajudam em nada. O que esperar de uma história chamada O Senhor da Paixão no fim das contas, hein?
Capa brasileira


Adquiri este livro em 2009 para fazer parte da minha coleção Grandes Autores da Harlequin Books. Sendo que este também é o livro número 26 da série Homens do Texas - suspiros.  A melhor coisa que há sobre Diana Palmer é o fato de que todos as suas histórias - pelo menos da série em questão - são interligadas por seus personagens. Por exemplo, em O Senhor da Paixão a coisa toda acontece em Houston e Jacobsville, Texas - cenário de várias das histórias da série - e conta a história de amor entre Jodie Clayburn e Alexander Cobb. Ele é agente do Departamento Antidrogas de Houston, além de herdeiro de uma fazenda milionária em Jacobsville, a qual divide com a irmã Margie Cobb. Ela é uma assistente de RH em uma empresa em Houston. Também nascida em Jacobsville, Jodie é orfã de pai e mãe - que secretamente escreve poesias - e melhor amiga de Margie, irmã de Cobb. 

São poucos os romances que surpreendem a forma como são escritos - lamento dizer - mas a fórmula repetida à séculos parece funcionar sempre. Sendo assim Jodie é apaixonada por Cobb desde a adolescência, e este está pouco se lixando para o fato. Ela se declara e ele a rejeita. Ela sofre e tenta se reerguer enquanto ele segue a vida - sendo moreno, alto, bonito e sensual como sempre. Este é o padrão. Mas então vem a parte na qual a rainha dos romances, Sra, Palmer, domina que nada mais é do que transformar um romance que deveria ser apenas água com açúcar em um história de ação emocionante - e não é exagero de fã, não. Eu juro!

Cobb está trabalhando em caso de tráfico de drogas envolvendo um cartel que há muito tira a paz dos moradores não só de Houston como de Jacobsville também. Seu maior suspeito está envolvido com a empresa petrolífera para a qual Jodie trabalha, o que o obriga a se aproximar dela - muito conveniente - para que possa investigar mais à fundo. Rola espionagem à la James Bond e tiroteio e se torna o divisor de águas na história do casal que se aproxima mais e mais ao longo da história. Fazem parte deste livro o agente Colby Lane, de descendência apache, que protagoniza o livro número 33 chamado Forasteiro onde sua história é contada. Cash Grier, - meu Homem do Texas favorito - chefe de polícia de Jacobsville que tem sua vida contada em Renegado, livro número 29 e também é um dos protagonistas em Fora da Lei que é o número 28.

Enfim, acho que pude passar uma base de como as histórias são interligadas. E que isso tenha explicado meu fascínio por Diana Palmer e suas histórias cheias de raízes. Ao todo a série Homens do Texas contém 52 livros, sendo o último lançado no mês passado. Há uma ordem de leitura, mas como não sou obrigada à nada, nunca a segui, gosto de ir descobrindo os personagens pouco a  pouco e de maneira descontraída. Pretendo postar mais sobre a autora e seu amor pelos que fazem cumprir a lei em breve, então espero que ao menos sinta-se tentado ao se aventurar pelos ranchos de Jacobsville, Texas.

Até breve!

domingo, julho 3

Uma Aventura Em Terras Medievais

Após uma semana fritando neurónios e tentando roer as unhas - impedida pelo aparelho ortodôntico - enquanto me decidia sobre qual assunto literário abordar por aqui, fazendo pesquisas e anotações decidi que meu forte não é planejamento. Espontaneidade com uma mescla de “última hora” fazem mais meu estilo. Por isso falarei de Will, protagonista de uma das minhas sagas favoritas e que injustamente não é muito citada por ai.


A saga se chama Rangers – Ordem dos Arqueiros, do escritor australiano John Flanagan. Em uma atmosfera medieval o livro 1 subtitulado Ruínas de Gorlan narra a história de quatro órfãos acolhidos no castelo do reino de Araluen, dentre eles Will. Este era um menino franzino que desejava mais do que tudo ser aceito na escola de guerra e tornar-se um herói, protegendo o reino como havia feito seu falecido pai. No entanto, no dia da escolha dos aprendizes Will é rejeitado – o que é de partir o coração – ficando arrasado consigo mesmo e com o rumo que sua vida tomaria agora que seu sonho havia desmoronado.
Tudo muda quando Will descobre que o Barão do castelo recebeu uma misteriosa carta à seu respeito e sem poder conter sua curiosidade - e seus instintos - ele decidi descobrir o que há nela. Demonstrando ser muito hábil no ato de “esgueirar-se” pelos cantos, Will sai de seu alojamento, atravessando espaços abertos e escalando até a torre do escritório do Barão, tudo sem ser visto. Mas como diz o ditado: se está fácil está errado. Antes que possa ler a carta Will é apanhado por Halt, arqueiro de Redmont – cuja as habilidades extraordinárias deixam a todos inquietos. O grande arqueiro que prestava serviços ao reino há muito já vinha prestando atenção no jovem Will. E é isso que causa uma grande reviravolta em sua vida. A pedido de Halt, Will se torna seu aprendiz, sendo levado para sua pequena casa fora dos limites do castelo onde recebe um arco, uma flecha, um pequeno arsenal de facas e uma capa manchada – armas secretas usadas por arqueiros. Além de um burro de dar nos nervos.
Já acostumado aos modos silenciosos de Halt, além de sua postura rígida, os dois – e Gilan, antigo aprendiz do arqueiro – partem em uma perigosa missão que nada mais é do que capturar e matar Kalkaras, criaturas meio urso/meio macaco com enormes dentes afiados que possuem a habilidade de paralisar de medo quem quer que olhe em seus olhos, para assim devorá-los. Com essa aventura Will aprenderá que suas modestas armas de arqueiros são mais importantes do que pensava enquanto outras tramas perigosas se desenrolam ao redor do reino – assuntos abordados nos próximos livros.
Ser um arqueiro nunca havia sido seu sonho ou sequer havia passado pela cabeça de Will, mas saber que era apto para a função fez crescer a auto estima do menino, mostrando à ele que todos tem um lugarzinho ao sol, mesmo sendo diferentes uns dos outros. E essa mensagem – para mim – é simplesmente incrível.
Flanagan, o autor, disse certa vez que inicialmente escreveu os livros para seu filho, que como Will era pequeno, diferente de todos os seus amiguinhos encorajando-o a ler e também mostrando que não existem estereótipos, – lindo! – que todos nós podemos ser heróis. A saga é um pouco longa, mas não deixa de ser uma leitura gostosa e envolvente, cheia de emoções e reações. Das lágrimas ao riso, da frustração ao “até que enfim!”. Vale muito à pena passar um tempo com Will. E se eu fosse tu o faria logo, por que há previsão de filme da saga para o próximo ano!

Até logo!

domingo, junho 26

Virei Leitor - O Início

Estava assistindo Chicago P.D., lendo um livro e tomando uma xícara de café - tudo ao mesmo tempo, creia-me - quando tive a ideia de escrever o Virei Leitor. Não há nenhuma razão especial para ter escolhido esse nome - mó sem graça, eu sei -, apenas me veio à mente e como não sou boa com ponta pés iniciais – já deve ter percebido - decidi deixá-lo até que passou a soar bem. Pelo menos na minha cabeça.
No entanto, há sim uma razão para ter criado o blog, mesmo que ninguém ou quase ninguém, jamais o leia. Eu amor ler. E como o título do blog eu virei uma leitora, por que nem sempre fui afeiçoada a leitura.
Até os treze, quatorze anos eu apenas lia quando forçada - obrigada, professores de português - e só o estritamente necessário. Achava uma perda de tempo massiva e sem sentido. Ver alguém sentado lendo me dava calafrios. Não via graça ou fundamento algum. 
Minha mãe lia. Livros de romance baboseira Sabrina, Julia e Jéssica - socorro! - vendidos aos montes em bancas de jornais. As capas - exageradamente e por vezes erroneamente sugestivas - me davam asco. De verdade. Até hoje sinto-me tentada a enviar e-mails para as supostas editoras suplicando para pararem com isso. Enfim, por ironia do destino ou não foi por essa terra de lágrimas e corações ora disparados ora partidos que comecei minha história de amor para a vida toda com a literatura - suspiros.
Um dia qualquer peguei um desses livros, aos resmungos internos de "pelo o amor de Deus" e "para que tanto peito à mostra", e comecei a folheá-lo. O livro em questão era o romance histórico Delphine, livro 02 da saga Os Acadianos escrito por Cherie Claire. Segue a capa escandalosa do exemplar que li cerca de doze anos atrás:


Como todo bom romance há uma mocinha e um cavalo  herói, que nesta história são Delphine e Philibert. Ela é uma mulher bonita e sagaz - bela, recatada e do lar - que se apaixona ainda muito jovem por ele que é sócio de seu pai. Certo dia, julgando ter idade o suficiente para tal coisa, Delphine declara seu amor por Philibert que como bom herói de "romance romântico" a rejeita, tratando os sentimentos dela como uma paixonite adolescente. Devo ressaltar que esse é um comportamento presente em noventa e oito por cento dos romances. Magoada, Delphine foge para França onde tenta esquecer o fora vivendo com uma tia - se não me engano, fazem muitos anos desde que o li – para quem faz companhia. Durante o tempo que ficam separados rola muita coisa na história - é um livro bem extenso - envolvendo conflitos políticos e guerra. Conflitos estes que fazem com que Delphine e Philibert se encontrem novamente anos depois. Há mentiras, traições, desentendimentos e beijos de arrancar suspiros - como todo bom romance romântico, repito - até que o nosso herói bobão perceba que ela é a mulher de sua vida.
Não é um grande livro, não mudou minha perspectiva de vida. Mas foi o livro que me fez virar leitora. De alguma maneira a história de Delphine -  deixando de lado agora as brincadeiras sobre o quão bobos esses romances podem ser - me cativou. Além de todo o romance é uma história que fala sobre resgatar suas origens e respeitá-las, ter honra e caráter. Acontecem batalhas em alto mar e há também conflitos em terra firme onde o sangue literalmente jorra. Fala de arrependimento e perdão. Então como as capas e resenhas geralmente sugerem não se trata apenas de beijos cinematográficos e roupas rolando pelo chão. Há sempre uma história muito mais complexa e encantadora por detrás de um casal que luta para ficar junto.
Enfim - consciente de que estou me prolongando - eu quis mais depois de Delphine. Vieram mais romances como estes. Foi assim que me apaixonei pela minha rainha - poderosíssima - Diana Palmer da qual certamente falarei muito por aqui. Mas vieram também outros gêneros, outros autores. Da pouco conhecida em solo brasileiro Cheire Claire eu fui à Shakespeare, depois Aghata Christie, Tolkien, Stephenie Meyer, Michelle Reid, J.K. Rowling, Liev Tosltói, Suzanne Collins e tantos outros. Nunca me prendi à apenas um gênero, li tudo o que chamou minha atenção e o melhor de tudo: não doeu nada. Não há nada melhor para mim hoje do que sentar confortavelmente e passar horas e horas lendo, devorando letras, pontos e virgulas. Alimentando minha alma. Eu amor ler!
Então essa foi minha pequena introdução ao Virei Leitor. Espero não ter matado ninguém de tédio e não ter dito muitas coisas sem sentido - sei que falei. Se alcancei alguém, continue por aqui. Não sou genial, mas amo uma boa história independente do gênero ou da quantidade de mel que escorre das páginas... Parei.

Até a próxima!